Olá, eu sou a Teresa. O meu projecto falhou. Namorei, casei, tive 2 filhos e divorciei-me. Fiz tudo, tentei tudo e lutei. Lutei muito. Não desisti à primeira dificuldade (nem à segunda, nem à terceira, nem à quarta…) Eu queria muito que o tudo desse certo. Eu não queria bater com a porta e assinar um papel a dizer que sou (estou) divorciada. Eu não optei pelo caminho mais fácil quando me divorciei. Eu não tive outra escolha. Aqui estou eu: “Olá, sou a Teresa e sou divorciada.” E agora?
Agora? Agora continuo a viver devagarinho. Consciente que fiz o que tinha que ser feito. Reaprendo a viver sozinha, a contar comigo.
Tenho amigos que não me compreendem e afastam-se. Tenho amigos que ficam mais meus amigos. Tenho novos amigos. Tenho mais tempo para eles. Aprendo a viver longe dos meus filhos durante uns dias e aprendo que isso é possível e que eles estão bem se eu estiver bem. Afinal de contas, eu mostrei-lhes que temos que lutar para ser felizes e que a pior coisa que existe é conformarmo-nos com uma vida que nos derruba. Aprendo a não julgar os outros e aprendo que a vida não é aquilo que nós idealizamos aos 18 anos. Aprendo que não faz mal.
Os dias passam e eu percebo que nem tudo mudou.
Antes de ser a “Teresa divorciada” eu sou a Teresa que adora ir à praia. Eu sou a Teresa que chora nos filmes e come chocolates. Eu sou a Teresa que detesta ir ao ginásio mas que se arrasta para lá para poder comer os seus chocolates. Eu sou Teresa que adora ler, rir e dançar. Nada disso mudou e agora até tenho mais tempo. Eu sou a Teresa dentista e essa parte também não mudou em nada. Eu sou a Teresa Mãe e isso ninguém me tira.
Percebo que eu não sou a Teresa divorciada. Eu sou a Teresa e estou divorciada. Estou divorciada sim, mas isso não me define. Eu sou muito mais do que isso, eu sou a Teresa.