Crescemos a ouvir que o Natal é família, que o Natal é das crianças, que o Natal é amor, que o Natal é paz. Entram-nos pela casa através da televisão, cinema e nas redes sociais, fotografias de famílias perfeitas reunidas à volta da árvore de Natal ou sentadas a uma mesa farta, onde Mãe, Pai e filhos, juntos, partilham o Natal e sorriem alegremente.
Temos estas imagens às quais queremos corresponder. E depois do Divórcio? O que acontece ao Natal?
O Natal e o Final do Ano são alturas em que somos obrigados a parar e a pensar nas nossas vidas. Fazemos balanços, tomamos decisões, pensamos nos que nos rodeiam e naqueles que são verdadeiramente importantes. Aqueles pelos quais daríamos a nossa vida. Os nossos filhos estão sempre em primeiro lugar e depois… não estamos com eles.
No Natal a regra no casal separado ou divorciado é a divisão entre o dia 24 e o dia 25 de Dezembro entre a Mãe e o Pai. Ou seja, se a Mãe passou o dia 24 com a Criança no ano passado, este ano é a vez do Pai passar o dia 25 com a Criança. Normalmente as Crianças em idade escolar têm duas semanas de férias e a divisão é feita, desta forma, metade para cada Progenitor.
Também existem ex-casais que optam por se dividir entre o Natal e a Passagem do ano, ou seja, se a Mãe passou o 24 e o 25 no ano passado, este ano estes dias são passados com o Pai e a Mãe passa a Passagem do Ano com a Criança. Também aqui há a divisão de tempo com o Pai e com a Mãe, numa semana para cada Progenitor.
A semana em que não estamos com os nosso filhos no Natal custa muito, é verdade. Todos os sentimentos de frustração e derrota vêm ao de cima quando passeamos e vemos as supostas
“famílias felizes” a fazerem filas para tirar fotos com o Pai Natal.
Tudo isto é normal, tudo isto é humano, tudo isto faz parte desta coisa que se chama ser Mãe e ser Pai. Temos saudades dos “nossos” filhos e queremos estar com eles, especialmente nesta altura tão importante. Esquecemo-nos, porém, que os filhos não são “nossos”. Os filhos têm uma Mãe e têm um Pai. Cada um tão precioso como o outro. Diferentes, muitas vezes, na forma de estar e educar – talvez por isso se tenham separado/divorciado – mas cada um com coisas para ensinar e aprender com os seus filhos.
Se tivermos isto presente ficamos felizes por Eles. Dói muito não ter os nosso filhos sempre connosco, dói muito estar longe deles na altura do Natal mas eles estão com quem devem estar. É um direito dos nossos filhos estar longe de nós e estar com quem nós, a dada altura, escolhemos.
E sim, o Natal passa a ser diferente. Temos mais tempo para nós, para vermos as nossas séries e gozarmos o silêncio, temos mais tempo para jantares de Natal da empresa ou com amigos e se, calhar, passamos a viver apenas um dos dias de Natal.
O Natal transforma-se após o divórcio com crianças e cabe a cada um de nós transformá-lo.
Mágoas, rancores, raivas e tristezas transformam esta época numa coisa amarga. Gratidão pelo que temos, alegria pelas nossas Crianças e aceitação de que as coisas nunca mais vão ser iguais, transformam o Natal numa época, embora diferente, feliz.
Se nós estivermos felizes e apaziguados com o facto de que haverá, para sempre, esta divisão no Natal, os nossos filhos encararão tudo com normalidade e ficam descansados porque nos veem bem e tranquilos. E é ou não por eles que tudo fazemos?